quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Aproveitem e assitam esse filme

FILME: Escritores da Liberdade
Quem é você? E as pessoas com as quais todo o dia interage? Com que profundidade conhece os seus colegas de trabalho? Se atua em educação, quais são as informações que possui a respeito de seus alunos? Normalmente temos apenas uma visão superficial e pouco clara da maior parte dos relacionamentos que estabelecemos ao longo de nossas existências. E será que estamos preocupados com isso?Em se tratando de escolas, por exemplo, em muitos casos parece que o nosso único dever é o de ministrar aulas, passar conteúdos, preencher cadernetas, corrigir provas, cumprir cronogramas e planejamentos. O que não parece muito diferente daquilo que acontece em tantos outros setores produtivos da sociedade, sejam eles hospitais ou escritórios, fábricas ou lojas,...Bater cartão, cumprir responsabilidades variadas, entregar resultados e atingir metas. Viver dentro de um sistema em que a meritocracia é o principal indicador de valor social nos distancia cada vez mais uns dos outros e, aos poucos, vai minando (a ponto de destruir em certos casos) a nossa humanidade. Devo esclarecer, dede já, que não sou contrário à produtividade, ao ganho, ao crescimento profissional e ao desenvolvimento econômico de pessoas, empresas e países.No entanto creio que todos têm que ponderar questões e situações do mundo real que afetam a coletividade e que colocam barreiras e criam problemas a nossa existência. O debate sobre o aquecimento global, por exemplo, é um caso mais do que premente e fundamental para a existência de todas as formas de vida residentes nesse planeta. Da mesma forma, enquanto não nos preocuparmos sinceramente uns com os outros, iniciando essa ação a partir das pessoas que nos são mais próximas e presentes, como podemos imaginar que as questões globais poderão ser resolvidas? “Escritores da Liberdade”, filme do diretor Richard LaGravenese, estrelado pela talentosa atriz Hillary Swank (duas vezes premiada com o Oscar, pelos filmes “Menina de Ouro” e “Meninos não choram”), baseado em história real, nos coloca em contato com uma experiência das mais enriquecedoras e necessárias. Sua trama gira em torno da necessidade de criarmos vínculos reais em sala de aula, conhecendo nossos alunos, despertando para suas histórias de vida, entendendo o que os motiva a ser as pessoas que são. Emocionante relato de uma experiência bem-sucedida que ainda está em desenvolvimento, “Escritores da Liberdade” tem tudo para se tornar um novo libelo do cinema em prol da educação mais efetiva (como “Sociedade dos Poetas Mortos” ou “A corrente do Bem”), onde se respeitam alunos e professores e também em que as pessoas se percebem em suas particularidades e se permitem construir, conjuntamente, como aliados, um futuro melhor para todos. Imperdível!Cansada do trabalho em empresas que desenvolvia até aquele momento e desiludida quanto às possibilidades de crescimento e realização pessoal naquele âmbito profissional, a jovem Erin Gruwell (Hillary Swank) resolve mudar de ares e dedicar-se à educação. Assume então uma turma de alunos problemáticos de uma escola que não está nem um pouco disposta a investir ou mesmo acreditar naqueles garotos.A pecha de turma difícil, pouco afeita aos estudos e que vai à escola apenas para “cumprir tabela” se mostra, no começo da relação entre a nova professora e os alunos, uma realidade. O grupo, formado por jovens de diferentes origens étnicas (orientais, latinos e negros), demonstra intolerância e resistência à interação, preferindo isolar-se em guetos dentro da própria sala de aula. A nova professora é vista por todos como representante do domínio dos brancos nos Estados Unidos. Os estudantes a entendem como responsável por fazer com que eles se sujeitem à dominação dos valores dos brancos perpetrados nas escolas. Suas iniciativas para conseguir quebrar essas barreiras aos relacionamentos dentro da sala de aula vão, uma a uma, resultando em frustrações.Apesar de aos poucos demonstrar desânimo em relação às chances de êxito no trabalho com aquele grupo, Erin não desiste de sua empreitada. Mesmo não contando com o apoio da direção da escola e dos demais professores, ela acredita que há possibilidades reais de superar as mazelas sociais e étnicas ali existentes. Para isso, cria um projeto de leitura e escrita, iniciado com o livro O Diário de Anne Frank, em que os alunos poderão registrar em cadernos personalizados o que quiserem sobre suas vidas, relações, interações, idéias de mundo, leituras...Ao criar um elo de contato com o mundo, Erin fornece aos alunos um elemento real de comunicação que lhes permite se libertar de seus medos, anseios, aflições e inseguranças. Partindo do exemplo de Anne Frank, menina judia alemã, branca como a professora, que sofreu perseguições por parte dos nazistas até perder a vida durante a 2ª Guerra Mundial, Erin consegue mostrar aos alunos que os impedimentos e situações de exclusão e preconceito podem afetar a todos, independentemente da cor da pele, da origem étnica, da religião, do saldo bancário.“Escritores da Liberdade” é uma fabulosa história de vida que nos mostra como as palavras podem emancipar as pessoas e de que forma a educação, a cultura e o conhecimento são as bases para que um mundo melhor realmente aconteça e se efetive. Lições:1. Ame ao próximo como a si mesmo. O ensino cristão baseado nas palavras de Jesus Cristo não é devidamente compreendido como deveria. As pessoas costumam levar as palavras ao pé da letra e associar esse breve e profundo enunciado ao verbo amar em seu sentido mais literal. Poucos são aqueles que extrapolam a compreensão mais imediata do vocábulo e o entendem, nesse contexto, como respeitar o próximo, tratá-lo com decência ou ainda admitir as diferenças e valorizá-las como parte da diversidade humana que nos leva ao crescimento. Parece que sempre queremos impor princípios, modelos, práticas e ações que levem os demais a serem parecidos conosco. Falamos em demasia e escutamos muito pouco. As próprias escolas, em particular aquelas que ainda baseiam sua ação quase que exclusivamente no modelo mais tradicional de educação, realizam monólogos e dão pouca vazão ao conhecimento e à história de vida dos alunos. Desvaloriza-se tudo aquilo que o estudante tem de experiência ao mesmo tempo em que se lhes impõe, goela abaixo, saberes que são considerados “essenciais” aos mesmos... Será que não está na hora de rever tudo isso?2. A intolerância é, sabidamente, cultural. É um conceito construído ao longo de nossas existências. A tolerância, em contrapartida, parece nascer com cada ser humano. As crianças constituem o maior exemplo disso. Não há cerceamentos e restrições no contato com outros seres humanos entre os pequenos. Para eles, o importante é interargir, brincar, trocar, tocar, abraçar, jogar... Será que podemos aprender as lições das crianças?3. Ler e escrever são elementos básicos da civilidade. Projetos de leitura, atividades de produção escrita regular, valorização dos livros e da literatura, espaços para a divulgação daquilo que está sendo produzido nas escolas pelos alunos no que tange a textos ou ainda à ampliação dos espaços de leitura são realidades e preocupações que vemos em nossas escolas?
(João Luís Almeida Machado, editor do Portal Planeta Educação, doutorando pela PUC-SP no programa Educação: Currículo, mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie(SP), professor universitário e pesquisador)Nota: É um ótimo filme, mas não deve ser visto por crianças, uma vez que contém cenas de violência e descrição de realidades que exigem certa maturidade de quem o assiste.
http://bonsfilmes.blogspot.com/
Beijos e boas férias

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Claudia Costin

Aumento do salário, melhores condições de trabalho, redução do número de alunos na sala de aula. Os resultados de uma pesquisa realizada recentemente pela Fundação Victor Civita e pelo Ibope, com professores da rede pública de ensino, reforçam que essas reivindicações não atendidas são alguns dos motivos que levam à insatisfação da classe. Mas será que a melhora desses aspectos, isoladamente, traria maior qualidade ao ensino?
A resposta é não. Os fatores objetos de crítica dos docentes são algumas das conseqüências da histórica má gestão da educação brasileira. E esse problema não está restrito ao perímetro das escolas ou das salas de aula, mas permeia todo o sistema educacional: começa com a inadequada formação dos professores e diretores, falta de objetivos claros no ensino e de adoção de ações corretivas quando falhas de aprendizagem são detectadas em avaliações nacionais e estaduais.
A educação tem reassumido papel de destaque no panorama das políticas governamentais brasileiras, principalmente a partir da década de 1990, quando se iniciou o processo de universalização do acesso à escola. Desde então a política educacional tem sido objeto de análise constante para permitir que o influxo de novos estudantes possa ser acompanhado de qualidade no ensino-aprendizagem, a fim de adequar o sistema educacional às demandas do sistema produtivo e aos imperativos éticos de construção de um país mais justo.
Não se pode falar em desenvolvimento sem um sério investimento em educação, pois uma força de trabalho sem as qualificações necessárias não põe o Brasil em condições de participar numa economia globalizada. Da mesma maneira, fala-se muito em inclusão social, mas aulas que não agregam conhecimentos e competências pouco farão pelos jovens incluídos na escola. A verdadeira inclusão significa que os vastos contingentes agora com acesso à educação não se transformem, ao concluir a escola, em analfabetos funcionais com diplomas.
O Plano de Desenvolvimento da Educação, lançado recentemente pelo Ministério da Educação (MEC), procura enfrentar alguns destes problemas, como fazer avaliações sistemáticas da aprendizagem, na trilha das avaliações introduzidas na década de 90 pela agora secretária de Educação de São Paulo, Maria Helena Castro, corrigir erros por meio de um inteligente sistema de incentivos, capacitar os professores, melhorar a gestão da escola pública. Vários Estados e municípios vêm adotando testagens, inclusive para verificar se, como preconiza o compromisso Todos pela Educação, que envolve empresários, educadores, técnicos de governos e organizações da sociedade civil, as crianças estão completamente alfabetizadas aos 8 anos. É o caso de São Paulo, onde tanto o Estado como a Prefeitura estão avaliando o aprendizado para utilizar essas informações no aperfeiçoamento do ensino.
Dentre as várias avaliações, uma se mostra particularmente interessante, por facilitar o controle social e, mais particularmente, por possibilitar aos pais o monitoramento da qualidade da escola freqüentada por seus filhos: o Prova Brasil, que integra o Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Básico (Saeb), criado para produzir informações sobre o ensino oferecido por município e escola.
Segundo resultados apontados na pesquisa feita pela fundação, somente 31% dos professores conhecem o Saeb. O Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo também é pouco conhecido (lembrado por somente 24% dos professores do Estado). Parece curioso que um instrumento voltado para dar informações aos professores sobre em que seus alunos falham seja tão pouco conhecido. É verdade que a pesquisa precede as mudanças em curso no Estado de São Paulo, mas o fato, em si, revela que os resultados dos testes pouco foram utilizados no Brasil para melhorar o ensino de porcentagens (desconhecidas por 60% dos alunos da oitava série) ou o desenvolvimento de competências de leitura (inadequado para 65% das crianças da quarta série).
Na mesma pesquisa, os docentes consideram-se os principais protagonistas da educação. Parecem não dar muito valor às Secretarias de Educação e ao MEC, vistos como instâncias de cobrança burocrática, e não como coordenadores da política educacional ou provedores da infra-estrutura ou de condições gerais para que a aprendizagem ocorra.
Os professores afirmam também que a ausência dos pais é um dos maiores problemas enfrentados. De fato, estudos evidenciam que a participação dos pais na educação é fator de enorme relevância. Mas é também um caminho para se pensar num maior envolvimento da sociedade, que poderia influenciar em decisões de aportes de recursos para a escola de seu município e zelar por sua boa utilização para garantir melhor aprendizagem. É o que se viu no Rio de Janeiro quando o governador Sérgio Cabral, no último dia 22, assinou um termo de adesão ao compromisso Todos pela Educação, no sentido de atingir metas como garantir não só o acesso de todas as crianças e jovens às escolas, mas a obtenção por eles de notas elevadas nas avaliações, evidenciando melhorias progressivas em Português e Matemática.
Com esforços assemelhados, poderíamos em poucos anos vencer o déficit educacional. Isso passa, certamente, por melhorar condições de trabalho dos professores, mas inclui também dar-lhes desafios mais ousados, capacitá-los para uma prática educacional mais conducente a bons resultados na aprendizagem de seus alunos e possibilitar-lhes parecerias com pais e membros da comunidade. O que se espera é simples: uma educação de qualidade - que seja concebida não como simples acesso às cadeiras escolares, e sim como uma fonte segura de conhecimento.
Claudia Costin, professora do Ibmec-SP e da Universidade de Quebec, foi ministra da Administração Federal e Reforma do Estado e secretária de Cultura do Estado de São Paulo
Fonte de pesquisa:

Salve Cappio!!!

Professor Martins

Pela segunda vez o bispo da Diocese de Barra-Ba., Dom Luiz Flávio Cappio, faz greve de fome protestando contra o projeto de transposição do rio São Francisco. Dessa vez o religioso escolheu a capela de São Francisco, na vila de mesmo nome, na cidade de Sobradinho-Ba., onde o mesmo está desde o dia 27 de novembro recolhido em oração, sem se alimentar. Ao se pronunciar, o bispo de maneira bastante centrada e pacífica, chama o seu ato de jejum e diz não se tratar de uma atitude isolada e sim de um povo sofrido que implora pela não continuação do projeto que condena o rio à morte.
Dom Cappio diz que após encerrar a primeira greve de fome que fez em setembro de 2005 no canteiro de obras do Projeto, à margem do São Francisco, no município de Cabrobó-PE, por aceitar acordo proposto pelo representante do presidente Lula, o então ministro Jaques Wagner, o mesmo teve um encontro com o Presidente da República, em Brasília, que reafirmou o que propunha o ministro, que era uma grande abertura para discussão do projeto com a sociedade e que, durante todo esse não houve essa abertura e muito menos discussão, motivo pelo qual ele realiza essa greve de fome, com convicção de ir até as últimas conseqüências para alcançar seu objetivo.
A imprensa vem divulgando que o Ministro da Integração Nacional, Gedel Vieira Lima, afirmou que o governo não vai parar as obras do projeto em questão e nem vai negociar com Dom Luiz Cappio o fim da sua greve. A afirmação de maneira tão precoce vinda do ministro coloca claramente para todos a posição do Governo Federal.
A Presidência da República na primeira vez que o bispo fazia seu protesto enviou Jaques Wagner, hoje governador da Bahia, para intermediar uma solução para o caso que voltava os olhos do mundo para o Brasil, onde um bispo fazia greve de fome contra um projeto do governo. Já que agora o religioso escolheu uma cidade da Bahia para demonstrar sua indignação, seria no mínimo coerente que o governador Wagner se oferecesse ao presidente Lula para mais uma vez mediar a conversa com o bispo, mesmo sabendo da dura missão a enfrentar, já que o ministro Gedel se adiantou ao declarar que o Governo Federal está fechado a negociações com Frei Cappio; e também pelo fato do bispo da Diocese de Barra deixar claro nas declarações à imprensa que o governo não cumpriu o acordo anterior e que dessa vez não vai ter barganha, que agora é uma posição definida.
É lamentável que seja necessária atitude tão drástica para chamar a atenção para tal projeto que o governo teima em levar adiante em prejuízo ao rio São Francisco. Todos sabem da morte de vários afluentes desse rio; assim como é sabido por todos das condições atuais, por exemplo, do Lago de Sobradinho, palco dessa segunda greve de Dom Cappio, o qual se encontra com aproximadamente 15% da sua capacidade de armazenamento de água.
Além de ser eleitoreira, a obra de transposição das águas do São Francisco jogará “por água a baixo” uma enormidade de cifras de reais, já que não existe garantia alguma que o próximo Presidente da República dê continuidade ao projeto de transposição, como fez o presidente Lula em relação ao Grande Projeto Salitre, em Juazeiro. Outro exemplo lastimável é o porto fluvial, também em Juazeiro, que foi construído e nunca colocado em funcionamento. Esses são apenas dois exemplos dessa cidade. Quantos casos semelhantes existem no Brasil? Aeroportos, estradas, ferrovias, etc.
O presidente Lula tem que tomar cuidado para não entrar para a história com esse protesto de Dom Luiz Flávio Cappio, que já entrou para a história com seus testemunhos de amor ao rio São Francisco.

Juazeiro- Bahia 29/11/07

Insistem em sangrar o Velho Chico

Texto do Professor Martins

Apesar dos visíveis sinais de sucumbência do rio São Francisco, o Governo Federal continua afirmando a intenção de levar em frente o famigerado projeto de transposição de suas águas, sempre usando as falsas promessas de que o uso da água será para dessedentação humana e utilização pelos pequenos criadores e agricultores. Mas, quem raciocinar um pouco perceberá que tal projeto tem objetivos exclusos, escondidos por trás dessas desculpas mais que demagógicas, sendo os verdadeiros beneficiários grandes empresários e políticos que já compraram as terras por onde está programado passarem os canais que sangrarão o moribundo, mesmo sabendo que o mesmo poderá não suportar a transfusão – quer dizer, essa palavra não cabe pois quando se realiza uma transfusão retira-se um líquido e o substitui por um outro que irá causar um benefício ao indivíduo; mas nesse caso o Velho Chico apenas terá suas águas desviadas por dois canais para atender a um capricho do Governo, com fins visivelmente eleitoreiros. Isso fica claro quando lembramos que no tempo em que eram oposição os petistas lutavam acirradamente para reprovarem o projeto da Transposição. Hoje, que estão no poder, lutam pra aprovar o tal projeto, buscando conseguirem apoio nas regiões que pretendem receber a água, e assim conseguirem manter-se no poder.

Mas não conseguirão realizar essa obra, se houver uma mobilização da sociedade buscando barrar essa loucura desenfreada. Os representantes dos estados banhados pelo São Francisco precisam intensificar as ações para impedir qualquer possibilidade de se realizar essa insanidade contra esse rio, que recebe o título de Rio da Unidade Nacional. Não podemos ficar nessa inércia, esperando que algo grave aconteça para podermos tomar uma atitude. Temos que nos anteceder aos fatos. Recentemente os representantes do estados que querem se beneficiar com a transposição fizeram uma conferência em prol do Projeto. E nós? O que estamos fazendo?

Repito: temos que nos anteceder aos fatos. Quando os inimigos do rio conseguirem uma liminar qualquer pra iniciar as obra e tentarmos barrá-la, poderá ser difícil ou quem sabe, tarde demais. Temos que ampliar a luta contra a transposição. Os vereadores dos municípios, os prefeitos, os deputados, as entidades e o povo deve tomar a dianteira nessa batalha e exigir obras que garantam a sobrevivência do São Francisco. Campanhas devem ser desenvolvidas para aumentar a conscientização de todos. Devemos aproveitar as discussões do momento para incluir nas grades curriculares das escolas, disciplinas que envolvam os jovens nas questões de defesa do meio ambiente; de proteção à natureza, em fim, de cuidados para termos uma qualidade de vida cada vez melhor.

Ou tomamos atitudes como essas agora, ou estamos condenados a ver, num futuro não muito distante, a criação de departamento especial para recuperação do São Francisco; para tomar medidas no sentido de tentar refazer o que foi destruído, correndo o risco de já ser muito tarde; estando o Velho Chico em estado terminal, e não existindo transfusão de qualquer bacia, capaz de recupera-lo.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Reflitamos

"Fracassar só é grave quando não se consegue identificar as causas do insucesso. Avaliar e apreciar as razões de nossa incapacidade momentânea já é uma vitória. Organizar-se tecnicamente para reduzir progressiva e metodicamente a imperfeição é a melhor e a mais incontestável das funções pedagógicas."
Célestin Freinet

A Gestão Educacional e a LDB

A Gestão Educacional e a LDB

Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9.394/ 96 *Valdivino A. de Sousa

A gestão educacional passa pela democratização da escola sob dois aspectos: a) interno - que contempla os processos administrativos, a participação da comunidade escolar nos projetos pedagógicos; b) externo - ligado à função social da escola, na forma como produz, divulga e socializa o conhecimento. A partir da análise de alguns trabalhos recentes (pesquisas realizadas na área de gestão educacional) o estudo pretende trazer suporte teórico para uma reflexão sobre o tema de forma que seja possível ultrapassar o nível de entendimento sobre gestão como palavra recente que se incorpora ao ideário das novas políticas públicas em substituição ao termo administração escolar. O fato de que a idéia gestão educacional desenvolve-se associada a um contexto de outras idéias como, por exemplo, transformação e cidadania. Isto permite pensar gestão no sentido de uma articulação consciente entre ações que se realizam no cotidiano da instituição escolar e o seu significado político e sócia.

A valorização da escola privada como solução para democratização da educação estão comprometendo algumas conquistas gestadas por ocasião da Constituição Cidadã de 1988. Não há dúvida que o movimento de gestão democrática da educação avançou nas décadas de 80 até meados da década de 90. Hoje, este movimento sofre retrocessos, embora a Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9.394 de 20 de dezembro de 1996 tenha confirmado a participação não só na gestão da escola, mas também na construção do projeto político pedagógico, de acordo com a regulamentação em leis municipais. No entanto esta participação não se consolidou na gestão da educação e muito menos nas propostas pedagógicas das escolas. Três motivos explicam esta situação precária da gestão da escola. Primeiro, o projeto político conservador que está embutido nas práticas administrativas. A administração ou é excessivamente burocrática e controladora privilegiando a uniformidade, disciplina e homogeneidade dificultando qualquer gesto de criatividade ou incorpora práticas de programas empresariais de qualidade total. Segundo, a falta de formação ética e política dos gestores eleitos privilegiam interesses privados em detrimento dos coletivos e públicos. Terceiro, a confusão estabelecida pelo pragmatismo das políticas neoliberais de privatização no setor administrativo público, de tal forma que nem dirigentes em seus cargos administrativos nem dirigidos conseguem distinguir mais o que é público e o que é privado. Como construir neste contexto uma participação democrática na gestão e na construção da proposta pedagógica da escola? Os governos neoliberais entendem que propostas de participação da comunidade na administração das escolas devam ser através de programas como: Amigos da Escola?,Dia da Família na Escola?, Escolas de Paz?. Associações de Apoio à Escola? e Organizações não governamentais?. Os educadores e pesquisadores entendem que não é suficiente permanecer na denúncia. Isto a mídia o faz muito bem.

É fundamental lutar para manter as conquistas democráticas constitucionais. É preciso ir além e se comprometer com uma construção democrática cotidiana em diferentes setores da sociedade e do Estado. As práticas do cotidiano escolar constituem um horizonte para o surgimento, crescimento e consolidação de um projeto democrático alternativo. A investigação das práticas docentes, administrativas e culturais é este horizonte que aponta uma direção. Afinal, a quem servem estas práticas? Que projeto de sociedade e de Estado está embutido no diálogo dos educadores e educandos? Que significado possui a interlocução entre saberes acadêmicos e saberes de experiência feitos? conforme ensinara Paulo Freire?

A LDB, em seus artigos 14 e 15, apresentam as seguintes determinações: Art. 14 - Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios:
I. participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola;
II. participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. Art. 15 - Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação básica que os integram progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as normas de direito financeiro público. Cabe aqui, nesta regulamentação o princípio da autonomia delegada, pois esta lei decreta a gestão democrática com seus princípios vagos, no sentido de que não estabelece diretrizes bem definidas para delinear a gestão democrática, apenas aponta o lógico, a participação de todos os envolvidos. Nesse ínterim, o caráter deliberativo da autonomia assume uma posição ainda articulada com o Estado. É preciso que educadores e gestores se reeduquem na perspectiva de uma ética e de uma política no sentido de criar novas formas de participação na escola pública, tais como ouvindo, registrando e divulgando o que alunos e comunidade pensam, falam, escrevem sobre o autoritarismo liberdade da escola pública e as desigualdades da sociedade brasileira. É tecendo redes de falas e de registros, ações e intervenções que surgirão novos movimentos de participação ativa e cidadã.

O novo paradigma da administração escolar traz, junto com a autonomia, a idéia e a recomendação de gestão colegiada, com responsabilidades compartilhadas pelas comunidades interna e externa da escola. O novo modelo não só abre espaço para iniciativa e participação, como cobra isso da equipe escolar, alunos e pais. Ele delega poderes (autonomia administrativa e orçamentária) para a Diretoria da Escola resolver o desafio da qualidade da educação no âmbito de sua instituição. Em certa medida, esta nova situação sugere o papel do último perfil de líder mencionado: o que enfrenta problemas "intratáveis", cuja solução não é técnica, mas de engajamento e sintonia com o grupo que está envolvido e que tem muito a ganhar com a superação do desafio. No caso da escola, a qualidade da educação é interesse tanto da equipe escolar, quanto dos alunos e de suas famílias (além do Estado, das autoridades educacionais e da nação como um todo). Sua melhoria depende da busca de sintonia da escola com ela mesma e com seus usuários. Uma escola de qualidade tem uma personalidade especial, que integra os perfis (aspirações e valores) de suas equipes internas, alunos, pais e comunidade externa. Desenvolvimento profissional de professores e funcionários. Estados planejaram investir em programas de capacitação de professores e dirigentes escolares,Incluiu um programa de capacitação em liderança de escolas estaduais inovador baseado na escola. O enfoque da capacitação prático e não teórico. Os programas e seu material de apoio são desenvolvidos por grupo de treinamento central. O objetivo dos estados participantes é reforçar o conteúdo de capacitação e desenvolver escolas para demonstração. O fator crítico para o alcance do objetivo do estado é de descentralizar o processo divisório das escolas. Por que incentivar o desenvolvimento dos professores e funcionários. As duas razões principais para que se tenha uma forte ênfase ao desenvolvimento dos funcionários e professores são: crescimento profissional e desenvolvimento pessoal.

Os funcionários devem se sentir motivados para treinar e aprender mais na área em que atua, isto vai ser lucro para ambas as partes escola e funcionário.
Os diretores poderão crescer mais em seus projetos e desenvolver cada vez melhor seu "perfil", sendo capaz de solucionar problemas com decisões certas.
Porque sem este desenvolvimento os diretores tomavam decisões baseadas apenas em experiências e muitas vezes sem dinâmicas e sem percepção.

Estratégias participativas do desenvolvimento de pessoal.Tanto os professores como os gestores devem ser envolvidos na concepção de programas de desenvolvimento de pessoal. Há cinco elementos chave de urna abordagem participativa de desenvolvimento pessoal.
1 - Consultar o pessoal sobre o que consideram necessário para promover o seu próprio crescimento e aprimorar o seu desempenho.
2 - Retribuir eu reconhecer o tempo dedicado à participação em atividades de desenvolvimento de pessoal
3 - utilizar os quatro princípios de programas de capacitação eficazes. Esses princípios são:
a). envolver os participantes na apresentação de concertos, idéias, estratégias e técnicas.
b). planejar a aplicação dos conceitos acima.
c).dar aos participantes feedback sobre o uso de novos conceitos.
d). Permitir que os participantes aplicassem seus novos conhecimentos.
4 - Certificar-se de que o diretor da escola está presente e participar de todos os programas realizados em serviços.
5 - Acompanhar a utilidade de cada atividade de desenvolvimento profissional, apôs a realização da mesma.

Notas e referências bibliográficas
Silva, Jair Militão - A autonomia da Escola Pública, e o Projeto Político Pedagógico da Escola: uma construção coletiva.


*Acadêmico de Direito, Contador CRC-SP 223.709,
pedagogo com licenciatura plena em Administração escolar,
Gestão e Magistério, Mestrado em Ciências da Religião, e pós graduando em docência do ensino superior.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Leitura é prioridade em escola tocantinense

Na Escola Estadual XV de Novembro, em Tocantinópolis (TO), toda segunda-feira é dia de planejar as atividades da semana escolar. O calendário inclui todas as disciplinas curriculares e integra as turmas — da educação infantil ao ensino fundamental — em torno de um projeto semanal comum. A posição de destaque é sempre da leitura. Para professores e diretoria, atividades de produção textual e leitura são a base para um aprendizado sólido. “Sem ler e entender o que se está lendo é impossível resolver um problema de matemática ou aprender biologia”, exemplifica o professor Carlos Henrique Aguiar. Ele dá aulas de alfabetização para a turma de aceleração, destinada a crianças que estejam fora da série correspondente à idade. O professor compartilha da visão de toda a equipe escolar, que no fim de setembro elegeu o dia D da leitura e movimentou professores, alunos e funcionários. As turmas dos professores Carlos Henrique e Joelda Caetano da Silva Bispo uniram-se para apresentar uma peça, adaptada de um conto do escritor Ivan Ângelo. Os professores explicam que o conto, Negócio de Menina com Menino, foi escolhido por abordar temas presentes no dia-a-dia das crianças. “Passarinho, gaiola e diferenças sociais”, resume Carlos Henrique. As crianças tiveram de ler o conto e encená-lo. Para isso, usaram uma gaiola e muita imaginação. “A história fala do menino pobre que se depara com uma menina rica da cidade. De repente, o pai dela quer comprar o passarinho que o menino demorou a manhã toda para encontrar, mas ele não vende”, conta Joelda. A leitura não se restringe às aulas de alfabetização ou português e se mistura aos conteúdos de todas as disciplinas. Na semana do dia D, a professora de ciências Eunice Martins Pereira resolveu levar o conteúdo da sala de aula para a cozinha. Os alunos pesquisaram receitas e, para preparar os alimentos, tiveram de identificar os números fracionários correspondentes às medidas de ingredientes e aprender sobre os componentes da cada receita. “Eles acrescentaram três quartos de copo de açúcar e descobriram que a beterraba tem vitaminas A, B, C, as quais previnem anemia e resfriado”, conta Eunice. Os alunos prepararam um bolo de beterraba e doces conhecidos como brigadeiro. De forma divertida, perceberam como a leitura é fundamental para qualquer atividade e como a matemática e as ciências estão presentes em coisas simples do dia-a-dia. Biblioteca — Independentemente das atividades do calendário semanal, todos os dias, em todas as salas, há o momento da leitura, no qual são trabalhados diferentes tipos de texto — contos, notícias, poemas, histórias em quadrinhos e até bulas de remédios. Os alunos ainda visitam semanalmente a biblioteca, além de participar das atividades previstas com o professor. Eles são acompanhados por uma monitora, responsável pela biblioteca, que desenvolve a leitura de forma diversificada, ao contar histórias e estimular a interpretação, a escrita e a oralidade. Segundo a coordenadora pedagógica Maria Ezilene Marinho, a maioria das crianças já sabe ler e escrever aos oito anos de idade. Cada professor compreende a importância de se ensinar a ler e escrever desde cedo.A professora Joelda, que ensina os alunos do segundo ano, diz que já passou por vários desafios ao se deparar com crianças pouco ou nada alfabetizadas. Quando isso ocorre, ela não desiste. “Estamos aqui para isso mesmo: superar os desafios”, destaca. Ela lembra a história de uma aluna muito distraída em sala, incapaz de acompanhar as aulas. “Cheguei a suspeitar que ela fosse especial. Mas, trabalhando no reforço, com palavrinhas e texto, ela deu um salto. Hoje, lê que é uma beleza”, orgulha-se. Para Joelda, a recompensa da dedicação está no aprendizado do aluno. “A gente se sente gratificada ao ver o resultado.”
Os nove professores da Escola XV de Novembro têm nível superior. Eles recebem cerca de R$ 1,5 mil por 40 horas de trabalhos semanais.

Maria Clara Machado
Fonte: http://portal.mec.gov.br

Tempo integral assegura aprendizado em Tocantinópolis

Calor de mais de 30 graus e cheiro de comida pronta. É quase hora da merenda na Escola Estadual XV de Novembro, em Tocantinópolis (TO). Em filas indianas, meninos aguardam, ansiosos, a vez de se refrescar. As três duchas do banheiro masculino são generosas. Tanto que o diretor precisa apressar os mais demorados. No feminino, as meninas repetem o ritual que precede o almoço. A cena se renova toda manhã, por volta das 11h30. Os alunos da escola, que atende 15 comunidades próximas a Tocantinópolis, a 570 quilômetros de Palmas, chegam às 7h e só saem às 17h. Eles estudam, fazem as refeições e até tomam banho antes de almoçar. Na escola de tempo integral, as crianças precisam colocar em prática as noções de higiene que aprendem nas aulas de ciências. Para comer, é preciso estar de mãos bem limpas. Depois das refeições, todos escovam os dentes, sob a supervisão de professores e do diretor. Além de colocar em prática noções de higiene, o aprendizado em dois turnos permite reforçar o conteúdo. A fórmula, que une ensino e acompanhamento da vida e da saúde dos alunos, rende bom desempenho aos estudantes, que estão acima da média nacional em leitura e matemática. A Prova Brasil de 2005 revela que na quarta série a média dos estudantes em matemática foi de 238; a de leitura, de 232 — a média nacional em matemática ficou em 180 e de leitura, 172. Os alunos da oitava série também superaram expectativas. Tiraram nota 287 em português, enquanto a média nacional foi 222. Em matemática, a média foi 323, contra 237 da nacional. Os bons resultados surpreendem porque grande parte dos alunos vem de famílias pobres e vive em situações desfavoráveis. “A maioria dos pais depende da renda de programa sociais. Pelo nível de escolaridade, eles só conseguem emprego como diaristas em casa de família, por exemplo. A maioria não tem o ensino fundamental completo”, afirma o diretor da escola, Dorismar Carvalho de Sousa. Sem livros em casa e com pais que têm pouca ou nenhuma formação escolar, os alunos contam fundamentalmente com a escola para aprender. O ensino integral foi a receita que o estado e os dirigentes escolares encontraram para tornar a aprendizagem efetiva e ainda investir no lazer e nos esportes.Atividades — De manhã, os estudantes têm aulas do currículo regular e, à tarde, reforço e atividades extras. Para assegurar o aprendizado, os deveres são feitos em sala, à tarde, e corrigidos em seguida. “Eles fazem as tarefas na escola porque os pais não têm condições de ajudar. Até porque alguns alunos não têm em casa nem uma mesa de estudos”, diz o diretor.Dever corrigido e conteúdo reforçado, é hora de aulas de pintura, filosofia, rodas de leitura, jogos e brincadeiras. Os professores procuram diversificar as atividades e levam os alunos aos laboratórios de informática, de matemática e à biblioteca. Eles desenvolvem oficinas de produção textual, educação artística e improvisam jogos, como bingos. São nove salas de aulas, biblioteca, brinquedoteca, sala de vídeo e dois laboratórios.
“Também usamos o espaço sob a sombra do pé de manga. Lá, promovemos competições de soletrar palavras e a olimpíada de matemática”, acrescenta a coordenadora pedagógica Maria Ezilene Marinho, em alusão ao ao pátio, no centro do qual fica a mangueira. Segundo a coordenadora, a intenção das atividades é espantar a preguiça e estimular os alunos de maneira divertida, sem limitá-los ao espaço das salas.

Maria Clara Machado

Fonte: http://portal.mec.gov.br

domingo, 4 de novembro de 2007

Glóssário Pedagógico

APLICATIVOS: Referem-se à produtos de software. Podem ser processadores de texto, sistemas de autoria, programas de desenho, pintura, ilustração, planilha eletrônica, entre outros.
APRENDIZAGEM COLABORATIVA: A noção de colaboração parece ser uma valiosa maneira de encorajar o acontecer do aprendizado em sala de aula. O termo colaboração, segundo Paul Brna (1998, in Revista Brasileira de Informática na Educação), é vista como um conjunto de possíveis relações entre os participantes. Envolve uma atividade sincrônica, coordenada, que é resultado de uma contínua tentativa de construir e manter uma concepção partilhada de um problema.

APRENDIZAGEM COOPERATIVA: Técnica na qual os estudantes se ajudam no processo de aprendizagem, atuando como parceiros entre si e com o professor, visando adquirir conhecimento sobre um dado conteúdo. Refere-se ainda à troca de experiência entre parceiros. O trabalho cooperativo é realizado através da divisão do trabalho entre os participantes como uma atividade onde cada pessoa é responsável por uma porção da solução do problema.

APRENDIZAGEM COOPERATIVA MEDIADA POR COMPUTADOR: Área de estudos que trata de formas pelas quais a tecnologia pode apoiar os processos de aprendizagem promovidos através de esforços cooperativos entre estudantes que estão trabalhando em uma dada tarefa.

APRENDIZAGEM COOPERATIVA DISTRIBUÍDA: Consiste no desenvolvimento de atividades centradas na aprendizagem cooperativa com o suporte das tecnologias da Internet ou Intranet. A comunicação e a interação são pontos chave utilizando-se da tecnologia para a troca e busca da informação, e, posteriormente para a formação de um corpo de conhecimento comum.

AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA: É uma das formas possíveis de avaliação do desempenho do aluno. Visa diagnosticar e identificar qual o nível de conhecimento do aluno a respeito de dado conteúdo.

AVALIAÇÃO FORMATIVA: É também uma das formas de avaliação do desempenho do aluno. Visa avaliar o rendimento do aluno durante todo o processo de aprendizagem em um curso, ou módulo ou, ainda, tópico determinado para estudo. Durante esta avaliação é possível detectar falhas ou dificuldades ao longo do processo de um programa de estudo em EAD.

AVALIAÇÃO SOMATIVA: Uma das formas de avaliação de desempenho do aluno. Ocorre ao final de dada porção de conteúdo. Pode ser vista como uma prova, um teste, um trabalho de fim de curso a fim de verificar o conhecimento adquirido ao longo do processo de estudo. Procura verificar a totalidade de conhecimento aprendido.

AVALIAÇÃO QUANTITATIVA: É também identificada como um processo de medida. São atribuídos valores quantitativos aos itens de testes e provas. São verificadas respostas certas ou inadequadas.

AVALIAÇÃO QUALITATIVA: É realizada tanto ao longo do processo (formativa) como ao final do processo de aprendizagem (somativa). Consideram-se métodos diversos de acompanhamento do aluno como técnicas de observação, participação nos debates, nos seminários e em outras técnicas de aprendizagem ou estratégias de ensino.

BIBLIOTECA VIRTUAL: Coleção de livros, textos e informações textuais representadas de diferentes formas disponíveis de forma organizada, catalogada segundo padrões especificados pela Ciência da Informação na rede de telecomunicações.

BROWSER (NAVEGADOR): Software aplicativo que permite a procura na rede como textos, imagens, gráficos de maneira aleatória ou sistemática.

CD-ROM: dispositivo de armazenamento de informações de forma digital.
Chat ou sessão bate-papo: É um sistema onde são permitidas conversas on line, onde uma ou mais pessoas participam ao mesmo tempo de uma conversa.

COMPORTAMENTALISMO (BEHAVIORISMO): Tem sua origem no trabalho de J.B. Watson. Em sua visão, a psicologia diz respeito somente ao comportamento não se ocupando de mecanismos de formação da consciência ou de raciocínio. A aprendizagem é definida como uma mudança observável do comportamento do indivíduo. A estrutura interna do raciocínio e do processo de aprendizagem não são fatores relevantes neste processo.

COMUNICAÇÃO SÍNCRONA E/OU ASSÍNCRONA: diz-se da comunicação realizada on line que pode ser em tempo real (síncrona), isto é, simultânea, ou com uma defasagem de tempo, isto é, de forma assíncrona.

CONSTRUTIVISMO: De acordo com Freitag (1993), o construtivismo é descrito como uma corrente de pensamento que vê o processo de aprendizagem como uma ação refletida de construção interiorizada nas estruturas mentais, onde o pensamento não tem fronteiras, ele se constrói, se desconstrói, se reconstrói, baseado no pressuposto de que as estruturas do pensamento, do julgamento e da argumentação dos sujeitos não são impostas aos indivíduos, de fora, nem são, porém, consideradas inatas. São o resultado de uma construção realizada por parte do sujeito em longas etapas de reflexão. Os maiores representantes são J. Piaget e L.S. Vygotsky.

CORREIO ELETRÔNICO DE VOZ: sistema similar ao correio eletrônico que permite o envio e a recepção de arquivos de voz digitalizados via rede.

FAQ ( FREQUENTLY ASKED QUESTIONS): Lista de perguntas e respostas relativas às dúvidas mais comuns sobre determinado assunto

FERRAMENTAS: Diz-se de mecanismos disponíveis on line para facilitar a comunicação entre os usuários da rede. Exemplos podem ser: programas de mecanismo de busca de informação, programas para comunicação como e-mail, fórum, entre outros.

FÓRUM: Discussão aberta onde uma ou mais pessoas possuem o conhecimento do assunto em questão e um grupo inteiro participa.

GRUPOS DE DISCUSSÃO E/OU E-GROUPS OU NEWSGROUPS: Ferramenta que permite a troca pública de mensagens sobre os mais variados assuntos que possibilita o armazenamento das mensagens em determinado local.

HARDWARE: Equipamento, partes físicas de um computador como mouse, monitor, teclado, entre outros.

HOME PAGE: Página inicial de qualquer endereço eletrônico com conexão ou hyperlinks para outros servidores da Internet.

INTERATIVIDADE: Fenômeno elementar das relações humanas entre as quais estão as relações educacionais. Depende da cultura do grupo. A interação em EAD não ocorre apenas entre o aluno e o conteúdo, mas sim entre alunos entre si, entre aluno e professor, entre alunos e o professor, entre alunos e a instituição de ensino e ainda entre todos os elementos que compõem o universo do indivíduo inscrito como aluno.

INTERFACE: Constitui o meio pelo qual se realiza a interação entre o usuário e o software no qual ele interage. A interface é o que se vê, assim, no caso de uso educacional é fundamental uma interface agradável entre o aluno e o ambiente de aprendizagem mediado por novas tecnologias. O termo interface designa um elemento discreto e tangível através do qual o usuário anui a informação e sua manipulação em um sistema computacional. É a forma de representação do modelo organizacional da informação, uma forma de visualização do conteúdo e o meio que permite o acesso a este mesmo conteúdo.

LISTA DE DISCUSSÃO: Sistema de armazenamento e distribuição de mensagens eletrônicas para grupos específicos sobre detrmindo tema, no qual todos os participantes recebem a mesma mensagem.

MODERADOR: Função exercida por um integrante de uma lista de discussão e tem por finalidade evitar que aquele fórum tenha seus objetivos desvirtuados. Geralmente um moderador interfere quando as discussões resvalam para a agressividade ou quando a lista começa a receber grande número de mensagens cujo teor esteja fora do assunto para o qual a lista foi idealizada.

MULTIMÍDIA/HIPERMÍDIA: Os sistemas hipermídia/multimídia caracterizam-se pelo tipo de informação que é especificada, manipulada, editada, armazenada e recuperada. Podemos representar diferentes tipos de informações em um computador, tornando-o um meio tecnológico para o aprendizado e a comunicação. Em seu sentido mais amplo refere-se à apresentação de informações através da integração de distintas mídias (textuais, visuais, sonoras e animadas), em uma única apresentação. É, na verdade, um método de integrar e projetar tecnologias de computador em uma só plataforma, de maneira a permitir ao usuário final inserção, criação, manipulação e utilização com o uso de uma só interface de usuário.

MURAL OU QUADRO DE AVISOS: É um serviço on line onde mensagens são colocadas e ficam à disposição da comunidade para leitura. Em comparação com o correio eletrônico, o mural eletrônico oferece a vantagem de a mensagem existir sob forma de cópia única, mais econômico em termos de espaço ocupado e permanece durante um determinado tempo exposta no site para todos os usuários do serviço.
NETIQUETA OU NETIQUETTE: Termo que se refere às boas maneiras de usar a Internet, como não enviar mensagens que possam ofender alguém ou escrever com letras maiúsculas, por exemplo.


SALA DE AULA ELETRÔNICA: Utiliza múltiplas janelas para disponibilizar a informação sobre o conteúdo que está sendo ensinado/aprendido e sobre o ambiente de trabalho do aluno e do professor. Em geral, cada aluno tem uma sala de trabalho pessoal que está interligada em rede com os outros componentes do grupo. Emulando uma sala de aula tradicional , o sistema permite que o professor apresente uma lição on line aos alunos nas estações de trabalho remotas. Os alunos e professor possuem janelas com lista de presença, perguntas e comentários dos participantes, além das ferramentas como chat, mural, agenda , entre outras.


SITE: endereço cuja porta de entrada é sempre sua homepage.

SOFTWARE: conjunto de linhas de código com um intuito ou propósito definido, configurando um programa para computador.

TAXONOMIA DE OBJETIVOS EDUCACIONAIS: e acordo com Bloom, a taxonomia para objetivos educacionais compreende três grandes domínios: cognitivo, afetivo e psicomotor. Nos ambientes on line trabalhamos com o desenvolvimento do domínio cognitivo, já que este refere-se aos objetivos vinculados à memória e ao desenvolvimento das capacidades e habilidades intelectuais. Bloom descreve a aprendizagem como um crescendo de níveis mais complexos.
Os níveis de complexidade da área cognitiva são:
CONHECIMENTO: relembrar o que foi aprendido. Pode ser uma grande quantidade de fatos, mas consiste, apenas, em recuperar informação;
COMPREENSÃO: Habilidade para explicar o conhecimento em suas próprias palavras;
APLICAÇÃO: Habilidade para usar abstrações em situações particulares e concretas. O indivíduo reconhece quando, onde e como utilizar o conhecimento;
ANÁLISE: Habilidade de dividir o que foi aprendido em partes de tal forma que sua estrutura organizacional seja entendida;
SÍNTESE: Habilidade para unir partes ou conceitos a fim de formar um todo;
AVALIAÇÃO: Habilidade de julgar material baseado em critérios reconhecendo suas conexões e interações.

http://www.edukbr.com.br/colunas/glossario.asp?

O que podemos fazer para motivar nossos alunos em sala de aula Autor: Cybele Meyer

O que podemos fazer para motivar nossos alunos em sala de aula

As crianças de hoje não sabem o que é brincar no quintal de casa pois a maioria delas, principalmente as que vivem nas grandes cidades, moram em apartamentos.


No período em que vão para a escola, também não há muita diferença em relação ao espaço destinado ao lazer pois são muito poucas as escolas que constroem prédios próprios.

Normalmente utilizam-se de casas e adaptam, transformando-as em escolas. Uma casa com 3 quartos, por exemplo, que servia anteriormente para abrigar uma família de 5 pessoas, tansforma-se em uma escola com 50 ou até mesmo 60 alunos por período, que disputam o mesmo espaço.

Espaço para correr e brincar não é o único fator desfavorável às crianças do século XXI no tocante a escola.

Não podemos deixar de mencionar que vivemos na era da informação, melhor dizendo, da informação instantânea. Vivemos na era da informática, onde com apenas um “clic” temos todas as informações desejadas, ao nosso alcance.

Como, nós professores, poderemos transformar a nossa sala de aula em um lugar motivador para estas crianças que respiram computador e videogames?

De que forma, em sala de aula, poderemos competir com as cores e o dinamismo dos jogos eletrônicos?

Os videogames, a televisão, o computador dispõem, através de seus recursos audiovisuais, da magia de transportar o intelecto da criança para galáxias distantes. Propicia que ele voe, que ele encontre e se comunique com os seres mais exóticos que se possa imaginar. Proporciona que ele construa um personagem, dê a ele uma família, uma sociedade inteira, fazendo com que ele viva nesta cidade com todo o dinamismo de uma vida “real” verdadeira. Tudo isso sem que ele precise levantar-se do sofá.

O que então resta para a escola, numa sala de aula, onde a criança também tem que permanecer sentada, só que, ao invés de um controle remoto é um lápis que ela tem na mão. Ao contrário de galáxias fluorescentes ou de cenários construídos com cores vibrantes, o que há à sua frente é uma lousa que pode ser branca, preta, verde ou até mesmo azul. Não importa a cor, tudo ali é estático.

De que forma então o professor poderá “prender” a atenção deste aluno, que deixou em casa lhe esperando, toda aquela “máquina de sonhos”!Difícil responder?

É uma competição injusta?

No meu modo de ver – NÃO.

Vocês podem me perguntar: - Por quê?

Porque o professor tem nas mãos o maior recurso que o ser humano pode ter – O CÉREBRO!

Todos estes brinquedos também trabalham com o cérebro. Só que com a parte ILUSÓRIA do cérebro. Depois que deixou de ser ilusória, ou seja, depois que a criança ultrapassou todas as fases e chegou ao final do jogo, não há mais interesse naquele jogo. Daí a necessidade constante da criação de novos jogos. Nestes jogos a criança tem a consciência de que terá um fim. Ela sabe onde deve chegar.

Já o professor o poderá conduzir a caminhos infinitos através do RACIOCÍNIO.

O raciocínio é tudo o que temos de bom. A criança que sabe raciocinar terá desenvolvido nela a auto-confiança, pois saberá que para tudo haverá um caminho, uma solução, um lugar a chegar.

O professor que prepara uma aula totalmente expositiva, “recheada de conhecimentos” correr o risco de ter sua aula rotulada como ‘massante” e sem qualquer atrativo. Hoje em dia, qualquer pessoa tem acesso livre, através dos computadores, a uma enorme quantidade de informações.

O professor, na verdade, terá que levar seus alunos a descobrir, através do raciocínio, tudo aquilo que ele quer ensinar. Terá que desenvolver neles a criatividade. Ter criatividade é enxergar o óbvio. É ver tudo aquilo que sempre esteve ali e ninguém viu.

Ele poderá se valer de pistas, de dicas ou de qualquer outro recurso que leve o aluno ao raciocínio e conseqüentemente irá despertar nele o interesse para o tema abordado.

O professor que souber conduzir sua aula num eterno “raciocinar” além de atingir totalmente seu objetivo, será um professor amado por seus alunos.

“Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”Cora Coralina

Um grande beijo da equipe da Pré- a-Pós Assessoria!

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Nossa Ponte Presidentre Dutra

Ponte Presidente Dutra ( BA - PE)

COMENTÁRIOS SOBRE O TEXTO: A INTERNET NA ESCOLA

1 Carlos - Araraquara-SP - Sensacional este artigo, realmente, veio de encontrou aos meus pensamentos, sobre esse magnifico meio auxiliar de aulas que são os computadores, principalmente quando plugados a internet de preferencia banda larga. Concordo plenamente com tudo, pois não basta apenas colocar os computadores na escola. Precisa ter tecnicos auxiliares na sala de computação, material para impressão dos trabalhos pesquisados, etc,etc. Este artigo deveria ser enviado diretamente ao Governador do Estado de São Paulo e Secretaria de Educação. Parabens.26/10/2007 00:17:18

2 Valéria plaisant - Rio de Janeiro Professor, Sou professora de Inglês e desenvolvo um projeto sobre o Rio de Janeiro nas tr~es escolas do estado que leciono. Participo de reuniões pedagógicas e tenho tentado ajudar alguns colegas entenderem que a Internet faz parte da vida de nosso aluno. Estou montando um blog com projetos e fotos das atividades fora de sala com os alunos. Gostaria muito de poder colocar esta brilhante conclusão desta sua matéria no blog. É claro que colocarei a fonte conforme deve ser citada. Parabéns e muito obrigada pela brilhante matéria.1/9/2007 21:07:42

3 Patricia Mattioli - Bauru - SP A sociedade contemporânea desenvolveu novas formas de viver e de se organizar e, como conseqüência, necessita de novas formas de educar. Sabe João Luis, o cenário educativo nos desafia a formar pessoas capazes de se adaptar a um mundo em rápida mudança e de absorver os avanços tecnológicos. Fato este, que nos impõem novas dimensões à tarefa de ensinar. Entretanto, um novo papel deve ser desempenhado pela escola, por nós educadores e pelos alunos. Com o apoio das ferramentas tecnológicas muitas janelas, inerentes a todas áreas do conhecimento, podem ser abertas. Podemos abordar de forma lúdica inúmeros conceitos. Desenvolver habilidades cognitivas, psicossociais e motoras. Estimular a contextualização, concretização do aprendizado da leitura/escrita, inteligência, imaginação, criatividade, afetividade, socialização, autoconfiança e prazer pela leitura. Possibilitar a construção de comunidades virtuais de grande impacto social. Enfim, hoje nós professores e alunos, temos a oportunidade de utilizar a escrita para descrever/reescrever suas idéias, nos comunicar, trocar experiências e produzir histórias. Temos assim a oportunidade de romper com as paredes da sala de aula e da escola, integrando-a à comunidade que nos cerca, à sociedade da informação e a outros espaços produtores de conhecimento, além de aproximarmos o objeto do estudo escolar da vida cotidiana e, ao mesmo tempo, nos transformando em uma sociedade de aprendizagem e também da escrita.12/7/2007 13:16:00
Valeu Colegas EDUCADORES de todo o Brasil que estão comentando o texto do nosso querido professor João Luís Almeida Machado!
Espero em breve postar mais comentários, inclusive de Educadores de nossa Região.
Um forte abraço da Equipe!

A Internet na Escola

A Internet na Escola

A Internet revolucionou o mundo. Não há como deixar de reconhecer as mudanças efetivadas pelo surgimento da rede mundial de computadores em praticamente todos os setores de atividade humana, inclusive na educação. Em alguns segmentos as alterações foram tão grandiosas que estabeleceram estruturas praticamente novas para seu pleno funcionamento, como no caso das atividades bancárias, comerciais e até mesmo industriais.
Em outros setores a inserção da Internet segue a passos firmes, porém não tão velozes. É isso o que percebemos, por exemplo, no que se refere à agricultura e à educação. Nesse sentido acredito que possa ser questionado quanto a entrada das Tecnologias de Informação e Conhecimento (TICs) na escola pela percepção generalizada de que nos últimos anos os investimentos no setor, tanto da iniciativa privada quanto da pública, têm sido vultosos...
Podem argumentar alguns leitores que o avanço é nítido e perceptível em função do rápido surgimento de laboratórios de informática, cursos de computação, materiais específicos para o ensino na área, profissionais especializados de plantão nas escolas e até mesmo pela proliferação de trabalhos educacionais na Web.
Sem qualquer sombra de dúvidas podemos vislumbrar a materialização do sonho das Tecnologias sendo incorporado ao cotidiano das escolas através dessas ações. No entanto vale lembrar que a aquisição e disponibilização de equipamentos e conexões de nada vale se não se efetivar um trabalho sério, responsável e, principalmente, pedagogicamente inteligente com todas essas ferramentas.
Colocar computadores nas secretarias da escola sem conectá-los a uma rede que permita a socialização das informações entre os membros da comunidade servida por uma escola ou conjunto de escolas é o mesmo que dar telefones para as pessoas sem que elas possam ligar umas para as outras.

Montar laboratórios de informática e utilizá-los apenas para algumas poucas atividades de pesquisa ou de uso de CD-ROMs é um enorme desperdício de tempo, recursos materiais e trabalho humano. Utilizar os computadores apenas como intermediários que agilizam a produção de textos, planilhas, slideshows ou alguns outros softwares de aplicação geral também não condiz com as expectativas e possibilidades educacionais desses instrumentos.

A propósito, é de fundamental importância que os educadores não se esqueçam que todos esses equipamentos são necessários, parte da realidade atual e futura da educação no Brasil e no mundo, extremamente úteis e ágeis, mas que não devem ser considerados como fim, e sim como meio para a efetivação de uma educação mais qualificada.

A utilização desses recursos não deve promover o esquecimento ou o ocaso de todos os outros instrumentais próprios do trabalho educacional que vem sendo utilizados até o presente dia. Livros, revistas, jornais, filmes, lápis, caderno, caneta, borracha, canetinhas coloridas, papel sulfite, cartolina, tesoura, cola e tantos outros aliados do trabalho dos professores devem continuar sendo utilizados com regularidade e, de preferência, em consonância com as práticas relacionadas às Tecnologias de Informação e Comunicação.

Destaco essa idéia em praticamente todos os eventos em que participo, pois penso que o encantamento pelos computadores e, especialmente, pela Internet tem ofuscado os outros recursos e, em determinados casos, até mesmo, sepultado boas idéias, práticas e trabalhos anteriores associados aos mesmos.

Digo aos participantes desses eventos que sou partidário das tecnologias na sala de aula, demonstro através de minha atuação enquanto professor que realmente as utilizo e que acredito em sua eficácia, entretanto sempre ressalvo que o maior aliado do trabalho em educação é e sempre será o livro...

Nesse artigo da coluna Diário de Classe trago a tona uma experiência que desenvolvemos há algum tempo atrás através do Planeta Educação que ficou conhecida como Coliseum. Não irei entrar em pormenores técnicos quanto ao projeto. O objetivo é essencialmente pedagógico e tem como finalidade demonstrar que o uso casado da Internet com recursos básicos da sala de aula é possível e necessário.

Seguem abaixo duas atividades propostas no projeto para avaliação de nossos visitantes:

Atividade 1: A Sociedade Romana – Como obter escravos?
“Na República e no Império, foram múltiplos os canais que abasteceram com cativos a produção escravista romana. (...) O comércio internacional teria sido uma ... essencial fonte de escravos. Havia muito, o Mediterrâneo era palco de um importante comércio de homens. Entre outros, comerciantes e piratas alimentavam incessantemente os grandes mercados de cativos – Quios, Delos, etc. Com a expansão das fronteiras de Roma, os romanos viam-se em contato direto com os chamados povos bárbaros, que dispunham de contingentes populacionais negociáveis – prisioneiros das guerras locais, devedores insolventes, mulheres e homens capturados em razias, crianças e jovens vendidos pelos parentes, etc. A lei impedia a escravidão por dívidas apenas dos romanos. Multidões de habitantes das províncias, endividados, caíam na escravidão. Em Roma, os comerciantes pagavam taxas de importação, de exportação – portorium – e de venda – vectigal – de cativos. Os escravos vendidos nos mercados romanos eram expostos, comumente nus, sobre estrados ou gaiolas. Tinham os pés pintados de branco – signo de escravidão. Pergaminhos pendurados aos pescoços indicavam origem, preços e habilidades. Os cativos podiam ser negociados em grupo ou individualmente. Os vendedores eram obrigados a declarar – em alta e viva voz, no momento da venda – os vícios e as enfermidades das mercadorias. Entre tais ‘defeitos de fabricação’, encontravam-se a tendência à ‘vagabundagem’, à ‘fuga’, ao ‘suicídio’; a surdez; a miopia; a epilepsia, etc. A falta de informação ou a falsidade dela podiam levar à anulação do ato de compra ou à indenização do comprador, num prazo máximo de seis meses a um ano, respectivamente.” (MAESTRI, Mário. O Escravismo Antigo. Coleção Discutindo a História. São Paulo: Atual, 1994. págs. 53-54)

Introdução: Eram longos (e tortuosos) os caminhos que levavam os escravos aos mercados romanos. Assim como as condições desse comércio eram as piores e mais degradantes que se pode imaginar. Situações como essas, descritas no texto do historiador Mário Maestri, acabavam por criar rebeliões (como vimos no caso de Espártaco), fugas e um crescente ódio por parte dos cativos em relação a Roma (que se transferia a seus familiares, a seus amigos, a seus povos de origem).
O que fazer?1- Produzir painéis em que se apresentem as seguintes idéias apresentadas no texto:-

a) Um dos grandes mercados de cativos, como os de Quios e de Delos, com os escravos sentados e acorrentados (ou enjaulados).

b) Os escravos, embarcados em navios de comerciantes e de piratas, sendo levados para os mercados romanos.

c) Mercados de escravos em Roma, onde seja possível ver escravos, em cima de gaiolas ou de estrados, com uma marca branca no braço, com um pergaminho a indicar suas habilidades, origens e preços.

Como?

a) Utilize-se dos filmes assistidos (Ben-Hur, Spartacus e Gladiador) para conseguir imagens que sirvam como referência para a composição de seus painéis. Em todos eles, há sequências que podem auxiliá-los na elaboração de seus trabalhos. Gladiador apresenta os escravos, numa poeirenta cidade em domínios romanos, sendo negociados com um comprador. Ben-Hur nos mostra os escravos numa galé (embarcação romana), sendo obrigados a remar para que o barco se movimente. Spartacus mostra o personagem central sendo comprado numa área de mineração.

b) Componha os painéis em cartolinas brancas. Utilize-se de uma técnica de composição ensinada por seus professores da área de artes (não há preferências, portanto, vocês podem se organizar para que esses trabalhos sejam feitos com guaches, nanquim, giz de cera, lápis de cor,...).

c) Façam modelos em escala reduzida para que vocês saibam o que pretendem quando forem colocar suas idéias na cartolina.

d) Procurem imagens adicionais na internet ou em livros de história que possam ser utilizadas como modelos para o trabalho artístico que pretendem desenvolver.

Avaliação:

Os quesitos avaliados serão:

a) A qualidade da composição artística.
b) O conteúdo das pinturas (se estão de acordo com as descrições, modelos e conteúdos pedidos).
c) As fontes visuais utilizadas como inspiração devem ser indicadas (filmes, imagens de livros, material coletado da internet).

Atividade 2: A Economia Romana – A Agricultura
“...a prosperidade material que sustentava a sua vitalidade intelectual e cívica provinha em proporções esmagadoras do campo. O mundo clássico era massivamente, inalteradamente, rural nas suas proporções quantitativas básicas. A agricultura representou, ao longo de sua história, o setor em absoluto dominante na produção, fornecedor invariável das maiores fortunas das próprias cidades. As cidades greco-romanas nunca foram predominantemente comunidades de manufatores, comerciantes ou mercadores: eram, na sua origem e princípios, agregados urbanos de proprietários de terras. Todas as ordens municipais, da democrática Atenas até a oligárquica Esparta ou à Roma senatorial, eram essencialmente dominadas por proprietários agrários. O seu rendimento provinha do trigo, do azeite e do vinho, os três grandes artigos básicos do Mundo Antigo, em propriedades e quintas fora do perímetro físico da cidade propriamente dita.” (ANDERSON, Perry. Passagens da Antiguidade ao Feudalismo. Porto: Afrontamento. Pg. 17-29)

Introdução: O texto de Perry Anderson nos dá algumas informações muito importantes sobre a economia dos romanos, particularmente sobre a agricultura. Sobremaneira destacada como a principal atividade dos romanos, mesmo sabendo-se do destaque dado aos centros urbanos na história daquela civilização. A origem das grandes famílias patrícias, assim como a base de seu poder se estabelece a partir da posse de terras e da utilização produtiva das mesmas. Outro dado interessante refere-se a base da produção como sendo o trigo, o vinho e o azeite, que atualmente, ao lado do queijo (obtido a partir do leite de cabra), constitui a chamada dieta mediterrânea, considerada uma das mais saudáveis do mundo.

O que fazer?

1- Faça uma pesquisa acerca das técnicas utilizadas para o plantio da uva, do trigo e da oliveira e para a produção dos vinhos, dos pães e dos azeites. Descubra se essas técnicas derivam de práticas adotadas pelos povos da Antiguidade Clássica, particularmente dos romanos. Com base nessa pesquisa, resolva as seguintes atividades:

a) Façam uma descrição por escrito e através de desenhos (quadrinhos), de uma técnica usada pelos romanos para a produção ou de vinho, ou de azeite ou de pães a base de trigo.

b) Apresentem uma técnica agrícola usada pelos romanos para o plantio de uma das culturas básicas (uva, trigo ou oliveiras).

Como?

- Entrem em contato com universidades e faculdades que possuam departamentos de agronomia para conseguir informações a respeito da história da agricultura na Antiguidade Clássica.
- Procurem informações a respeito das técnicas de produção de uva, trigo e azeitonas na atualidade e, vejam se existem dados a respeito das técnicas usadas pelos povos antigos para plantar tais produtos. Comparem os processos atuais com os antigos.
- Naveguem na internet, pelos sites de busca (google, alltheweb, radaruol, yahoo, altavista...) , para obter dados sobre a produção de uva, trigo e azeitonas, assim como, para a transformação desses produtos em vinhos, pães e azeites.

Avaliação:

Serão avaliados os dados obtidos quanto às técnicas de produção dos gêneros agrícolas (uva, trigo e azeitonas) e de seus derivados (vinhos, pães e azeite). Outro importante aspecto avaliado será a apresentação de um desenho ilustrativo e explicativo da produção de vinhos, pães ou azeites (apenas um dos três produtos) na Antiguidade Clássica, entre os romanos.

Através dessas duas atividades pretendemos demonstrar que:

a) É necessário um planejamento das atividades envolvendo o uso das Tecnologias de Informação e Conhecimento paralelamente as práticas pedagógicas propostas regularmente em sala de aula.
b) Os estudantes devem ser informados de cada uma das propostas de trabalho em detalhes para que não apareçam dúvidas quanto aos encaminhamentos do projeto. O professor deve disponibilizar tempo e espaço para compartilhar essas idéias e acompanhar de perto a realização das mesmas.
c) Os trabalhos propostos devem estar em consonância com o planejamento e a grade curricular das séries com as quais o professor irá realizar esse projeto (nesse caso trabalhávamos com alunos da 8ª série do Ensino Fundamental).
d) O respaldo em livros de referência das disciplinas trabalhadas é de essencial importância.
e) Ao propor atividades diferenciadas que envolvem leituras, pesquisa em sites da Internet, produção artística, o uso de filmes ou outras estratégias e recursos motiva os estudantes e, ao mesmo tempo, evita que eles simplesmente copiem e colem informações da Web ou de enciclopédias.
f) Ao trabalhar com Internet sempre tentem indicar sites e portais em que as informações sejam confiáveis. Para isso não se esqueçam que atestados dessa confiabilidade são: a identificação do autor dos artigos; a disponibilização desses materiais por instituições privadas ou públicas de reconhecidos méritos e história; que a linguagem dos artigos deve ser gramaticalmente correta; a utilização de referências e indicação de locais de pesquisa para a elaboração também podem servir como indicação de qualidade dos trabalhos.
g) O Planeta Educação, através da coluna Dicas de Navegação, apresenta aos professores uma relação de portais e sites relacionados a educação, cultura, tecnologia, ciência, arte e outros temas de importância para ajudar na pesquisa pela rede mundial de computadores.

Para concluir esse texto, destaco palavras que escrevi para um dos artigos da coluna Dicas de Navegação para que possamos refletir sobre o uso dessas ferramentas na Educação:

O que mais desejamos é conseguir que nossos alunos caminhem apoiados por seus próprios pés. Que se sustentem em cima da bicicleta depois que os auxiliamos nas primeiras pedaladas e depois dos tombos iniciais. Que consigam alçar seus vôos em direção ao infinito, desafiando as leis da gravidade e da própria imperfeição anatômica percebida nos seres humanos quanto à capacidade de voar como os pássaros.

Queremos que nossos estudantes encabecem as revoluções que esperamos venham a acontecer no futuro. Que liderem as pesquisas que vão varrer a Aids e o Câncer do planeta. Que sejam os homens e mulheres que irão assinar as leis que acabam com a pobreza e as enormes desigualdades sociais que assolam o planeta. Que quebrem os recordes, assinalem novas teorias, assombrem o mundo com uma arte totalmente renovada...

Como conseguir isso se as escolas não dão ferramentas, autonomia e combustível para a realização de todas essas façanhas? Onde estão tais instrumentos? Quais são os caminhos? Que possibilidades reais temos de efetivar essas transformações? O maior recurso que possuímos é a nossa incrível capacidade de aprender, de nos aperfeiçoar, de implementar soluções nas condições mais diversas.

Só aprendendo a pensar com qualidade iremos realizar o vôo de Ícaro, a viagem às profundezas mais distantes dos oceanos previstas por Júlio Verne ou, até mesmo, a amar de forma profunda e infinita como nas obras de Shakespeare...

João Luís Almeida MachadoEditor do Portal Planeta Educação; Doutorando pela PUC-SP no programa Educação:Currículo;Mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie-SP;Professor universitário e Pesquisador atuando no Centro Universitário Senac em Campos do Jordão;
Fonte para consulta dos nossos Professores:

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Educação para o pensar e o desenvolvimento de habilidades e competências cognitivas

Educação para o pensar e o desenvolvimento de habilidades e competências cognitivas

É possível educar para o pensar?
Antes da resposta, é prudente perguntarmos o que entendemos por pensar.
Com certa freqüência usamos expressões como “meus alunos não sabem pensar”; “pense um pouco que você resolverá o problema”, “se tivesse pensado não teria feito isso”; “penso em um mundo melhor”.
O que queremos dizer com cada uma dessas expressões?
Quando digo “penso em mundo melhor”, talvez queira me referir à capacidade do pensamento de imaginar novas possibilidades, de criar e ultrapassar as fronteiras do conhecido ou mesmo do estabelecido. Neste sentido, pensar está intimamente ligado à capacidade humana de fazer novas relações.
Quando digo “se tivesse pensado não faria isso” refiro-me ao pensamento capaz de modificar as ações, refiro-me a uma outra face do pensar: aquela capaz de avaliar, ou melhor, de produzir juízos acerca dos fatos, relações e ações. A capacidade de avaliar, julgar e produzir juízos permite a retomada dos procedimentos do pensar e, conseqüentemente, a modificação de nossas atitudes, conhecimentos ou mesmo conceitos.
Quando digo “pense um pouco que você resolverá o problema” refiro-me a um pensamento capaz de ordenar, organizar os dados disponíveis e aplicá-los a novas experiências. Trata-se da capacidade de raciocínio partindo de dados ou informações disponíveis poder extrair novas informações derivadas do que já conhecemos. O raciocínio nos permite ampliar nosso conhecimento.
Mas o quero dizer quando afirmo que “os alunos não sabem pensar”?
O que, então, estaria em jogo nesse tipo de afirmação?
Seria possível afirmar que alguém não pensa?
Imaginemos duas cenas bastante corriqueiras:
Primeira cena - Tenho no berço um bebê que não sabe ainda falar, mas chora e muito. Toda vez que ele chora o alimento, troco as fraudas ou simplesmente o acalanto em meus braços. Rapidamente ele “descobre” que o choro gera atenção e cuidado e, conseqüentemente, “descobrimos” que o bebê não mais apenas chora quando tem dor, fome, ou está molhado.
Segunda cena - Uma criança ainda pequena recebe um doce após as refeições. Observa atentamente aonde o doce é guardado: em uma lata em cima de um armário. Resmunga, aponta a lata, chora e vê seu pedido não atendido. Percebe que em cima da cadeira consegue alcançar objetos que de outra forma não conseguiria e, de repente, nos surpreendemos com a cadeira colocada perto do armário e a criança em cima dela com a ponta dos pés, puxando a lata.
Essas duas cenas revelam que a capacidade de fazer relações, inferir, fazer analogias, simbolizar se desenvolve mesmo antes que os pequenos seres humanos tenham dominado a linguagem. Sabemos que nossa capacidade de pensar se desenvolve diante de nossa necessidade de agir e interagir com o outro. Mas, o que estaria por trás da afirmação “os alunos não sabem pensar”? Estaríamos nos referindo à capacidade de criar, de avaliar, de ordenar dados e aplicá-los em novas situações?
Acredito que o que esteja por trás dessa afirmação ultrapasse o jogo enigmático que envolve a palavra “pensar” e se instale em um campo muito mais complexo e sedutor da ação humana, ou seja, a capacidade do homem de dar ou atribuir sentidos e significados para aquilo que cria, avalia ou ordena. Trata-se de um pensar que se debruça sobre si mesmo para indagar acerca de suas possibilidades, seus limites, fundamentos. Trata-se de um pensar que não apenas avalia, mas é capaz de autocorreção; que não apenas cria, mas transforma; que não apenas ordena, mas projeta. Trata-se de um pensar reflexivo, capaz de pensar o pensar em suas formas e procedimentos.
Neste sentido seria possível afirmar que os alunos não sabem pensar. Todavia, se as habilidades cognitivas se desenvolvem em situações, ainda na tenra infância, diante da necessidade de agir e interagir com o mundo, porque essa necessidade desaparece na escola, diante de uma educação formal?
Diria que uma das principais causas estaria no divórcio entre o conhecimento e seu sentido ou no terreno da ação e da vida humana. Mas é preciso cuidado diante dessa afirmação. Isso poderia gerar um dos erros mais comuns que vemos na educação: como as experiências de vida são múltiplas e diversas, por si mesmas, seriam capazes de despertar a curiosidade e o espanto necessários para o desenvolvimento das habilidades cognitivas. Ao professor caberia canalizar as potencialidades já latentes necessárias ao conhecimento já instituído e formalizado. Ora, se isso não for possível é porque é impossível “tirar leite de pedra”, ou melhor, “não dá para ensinar mediante a falta de pré-requisitos básicos e elementares”.
Ora, essas afirmações tão simples e comuns em reuniões pedagógicas trazem em si um pressuposto que dificilmente é analisado: a crença de que as potencialidades cognitivas são inatas e que diante dos tropeços do pensar não há nada a fazer. Poderíamos supor que essa crença tem sua origem na própria concepção de educação centrada na relação ensino – aprendizagem que supõe um sujeito que apreende e um objeto a ser apreendido por intermédio de um outro sujeito que ensina o que deve ser aprendido. Nesta relação há pouco lugar para o sujeito que pensa, analisa, relaciona, ordena, conclui. O foco no pensar é colocado em segundo plano.
A contrapartida dessa postura pode ser observada na ênfase de estudiosos e especialistas em educação sobre a importância de favorecer o desenvolvimento de habilidades e competências cognitivas na escola, impulsionada no Brasil, mediante a publicação pelo Ministério da Educação e Cultura dos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental e Médio. Mas aqui também é preciso cuidado: classificar um conjunto de habilidades necessárias à apreensão de conjunto de conhecimentos específicos de determinada área do conhecimento não significa necessariamente favorecer situações que estimulem a capacidade de pensar.
Tomemos um exemplo:Digamos que enquanto professora de história eu tenha como objetivo trabalhar com meus alunos o movimento de Independência no Brasil. Tal movimento se relaciona com acontecimentos de ordem internacional como a Revolução Francesa e a Independência dos Estados Americanos. A fim de favorecer essas relações busco, de diferentes formas, fazer com que os alunos conheçam os fatos, idéias, conceitos que impulsionaram esses movimentos. De forma exaustiva, proponho questionamentos acerca dessas intrínsecas relações e, na avaliação, solicito que relacionem a independência do Brasil com a Revolução Francesa. Surpreendentemente meus alunos demonstram algum conhecimento sobre a Revolução Francesa e sobre a Independência do Brasil, no entanto, continuam incapazes de fazer relações. O que fazer?
Na perspectiva da Educação para o Pensar, proposta pelo filósofo e educador Matthew Lipman seria necessária a formação de uma comunidade investigativa em sala disposta a alimentar a investigação tanto do procedimento do pensar quanto do conteúdo a ser pensado. Sendo assim, os exercícios que favorecem o desenvolvimento das habilidades não podem e não devem estar separados do próprio movimento do pensar sobre o pensar. Desta forma, para que podemos auxiliar os alunos a fazer relações seria necessário examinar e investigar quais seriam as relações possíveis entre a Revolução Francesa e a Independência. Seriam relações de causa e conseqüência? Meios e fins? Parte e Todo? Semelhanças e diferenças?
É fácil perceber que esta abordagem das habilidades cognitivas está intimamente vinculada ao conceito de educação enquanto processo de investigação. Por isso, para Lipman investigar não se limita a simples prática de exploração do desconhecido, mas a uma prática que acompanhada da autocorreção permite compreender o que está sendo investigado e como está investigado:
“Não chamo um comportamento de investigação se este for habitual, convencional ou tradicional, isto é, meramente uma prática. Mas, se à prática subseqüente da autocorreção for acrescentada àquela prática, o resultado é a investigação. É basicamente através das habilidades de investigação que as crianças aprendem (...) a explicar e prever, a identificar causas e efeitos, meios e fins, meios e conseqüências, como também a distinguir estas coisas entre si. Elas aprendem a formular problemas, estimar, medir e desenvolver inúmeras capacidades que formam a prática que se associa ao processo de investigação.” (LIPMAN, 1995)
Se o processo de autocorreção está intimamente vinculado ao conceito de investigação, o resultado da investigação conduz à produção de juízos. Juízos são afirmações ou negações acerca do que foi investigado.
Ao processo de encadear os juízos através de determinadas regras e procedimentos que busquem preservar a validade e buscar a verdade, chamamos raciocínio.
“Considerando aquilo que conhecemos, o raciocínio nos permite descobrir coisas adicionais afins. Nosso conhecimento se baseia na experiência do mundo e é por meio do raciocínio que ampliamos este conhecimento, preservando-o.” (LIPMAN, 1995)
Se tanto o processo de investigação, quanto o processo de raciocínio nos permite conhecer, é necessária a organização das informações e do conhecimento em grupos significativos. Esses grupos nos permitem conceituar, ou seja, estabelecer redes de significado. Essas redes conceituais permitem a própria organização do pensar, “são veículos do pensamento, entidades pelo qual o pensamento se realiza”.
Mas o pensamento se expressa através de diferentes códigos de linguagem. O cuidado na preservação do significado se faz através do desenvolvimento das habilidades de tradução.
A classificação de Lipman das habilidades cognitivas em quatro grandes grupos, de alguma forma, espelha uma seqüência semelhante à produção de uma investigação científica:
Investigar para chegar aos juízos;
Encadear os juízos de forma a ampliar o conhecimento (raciocínio);
Organizar o conhecimento em redes de significado (conceituar) e
Cuidar da mudança de códigos lingüísticos preservando o significado (traduzir).
Todavia, essa aparente seqüência lógica não implica a rigidez de uma ordem ou a fragmentação de passos. Ora, se conceituar é organizar redes de significado, para conceituar precisamos comparar, inferir, deduzir, enfim, usar os elementos presentes tanto no processo de investigação como no de raciocínio. Antes essa seqüência só poderia nos auxiliar na compreensão que o esforço educativo no sentido de desenvolver as habilidades cognitivas não se limita ao treino de capacidades do pensar, mas ao esforço de pensar o processo de investigação e produção do conhecimento. O treino da habilidade de observar , necessária ao processo de investigação, não faz de ninguém um investigador, assim como o treino de chutes no gol, não é capaz de garantir a competência para jogar futebol.

Habilidades Cognitivas

Investigação: é uma prática autocorretiva com o objetivo de descobrir ou inventar maneiras de lidar com aquilo que é problemático. Os produtos da investigação são os julgamentos.

Raciocínio: é o processo de ordenar e coordenar aquilo que foi descoberto pela investigação. Implica descobrir maneiras válidas de ampliar e organizar o que foi descoberto ou inventado enquanto é mantido como verdade.

Formação de Conceitos - implica na organização de informações relacionais, sua análise e esclarecimento para facilitar a utilização na compreensão e compreensão e no julgamento

Tradução – implica na transmissão de significados de uma língua ou esquema simbólico, ou modalidade de sentido para outra, mantendo-os intactos. O raciocínio preserva a verdade e a tradução o significado

Referência Bibliográfica LIPMAN, Matthew. O pensar na educação. Editora Vozes, 1995, RJ.

Como criar um ambiente adequado e acolhedor na sala de aula de Educação Infantil

Como criar um ambiente adequado e acolhedor na sala de aula de Educação Infantil

A sala de aula de Educação Infantil deve ser ampla e pode ser montada em um único ambiente ou em dois os três ambientes, por exemplo. Deve ser reservado um espaço para a “rodinha”, onde são realizadas atividades do cotidiano como: chamada; calendário; contação de histórias; canto de músicas e outras.
A sala poderá conter os “cantinhos”: o cantinho da leitura, de matemática, das ciências, de historia e geografia, de artes, da psicomotricidade, da dramatização, por exemplo. O cantinho da Leitura, por exemplo, deve incluir livros de história de papel, de tecido, de plástico, e outros materiais; revistas em quadrinhos, por exemplo, e livros confeccionados pelos próprios alunos.
O cantinho de Matemática, incluindo jogos relativos à disciplina, como, por exemplo: Dominós; baralho; jogo da memória; ábacos; cuisinaire; material dourado; numerais em lixa e outros que poderão ser adquiridos ou confeccionados pelo próprio professor e pelos alunos. Poderá ser montado um minimercado com estantes incluindo embalagens vazias de produtos e uma “caixa registradora”.
O cantinho das Ciências, que poderá incluir livros referentes à disciplina; experiências realizadas pelos alunos como o plantio do feijão; um terrário; um aquário; por exemplo. O cantinho de História e Geografia, que poderá incluir materiais como um quebra-cabeças do mapa do município onde os alunos residem e outro do Brasil; confeccionados pelo professor e pelos alunos, no caso do 3º Período, e uma maquete dos Planetas da Galáxia, incluindo o Planeta em que vivemos A Terra, utilizando bolas de isopor de tamanhos diversos para representarem os planetas.
O cantinho de Artes, incluindo, materiais necessários para os alunos realizarem atividades de artes, como, por exemplo: tinta guache, pintura a dedo, anilina dissolvida no álcool, massa de modelar, revistas para recorte, tesouras, cola, folhas brancas para desenho, lápis de cor, giz de cera, hidrocor e outros.
O cantinho da Psicomotricidade, que poderá conter materiais como tênis (de madeira) com cadarço para o aluno aprender a amarrar, telaios (material montessoriano) com botões, colchete, velcron ( para as crianças aprenderem a utilizá-los), tabuleiro de areia, materiais e jogos de encaixe, de “enfiagem”, como, por exemplo, ( para enfiar os macarrões ou contas no barbante para trabalhar a motricidade refinada das crianças).
O cantinho da Dramatização, que poderá incluir um espelho afixado de acordo com o tamanho das crianças, trajes dentro de um baú como, por exemplo, fantasias, acessórios como chapéus de mágico, de palhaço, enfim de diversos tipos, cachecóis, echarpes, bijouterias, estojo de maquiagem e outros. Poderá ser construído um pequeno tablado de madeira, onde as crianças poderão apresentar as dramatizações.
O mobiliário deverá ser adequado ao tamanho das crianças: mesas, cadeiras, estantes, gaveteiro (para guardar o material pessoal dos alunos: escova de dentes, creme dental, pente ou escova, avental e outros), cavalete de pintura e outros.
Os murais da sala podem ser confeccionados com materiais como cortiça, no estilo flanelógrafo, utilizando tecido próprio, onde deverão ser expostos os trabalhos dos alunos: pesquisas, exercícios, atividades de artes e outros. Quadro de giz afixado de acordo com tamanho dos alunos.
Todo material que for afixado na parede, como por exemplo: murais, quadros de chamada de giz, linhas do tempo, janelinhas do tempo, cartazes, e outros deverão ser colocados de acordo com o tamanho dos alunos para que estes possam visualizar.
As paredes da sala devem ser de cores claras, pois além de clarear o ambiente, “passam” tranqüilidade às crianças.
É fundamental que haja um cantinho reservado para colocar colchõezinhos, caso alguma criança adormeça, pois nessa fase algumas ainda dormem durante o dia. É necessário também o travesseirinho e uma manta ou edredon para os dias mais frios.
Concluindo, a sala de aula de Educação Infantil deve ser clara, arejada e deve conter “estímulos” apropriados ao desenvolvimento integral da criança.
Cássia Ravena Mulin de Assis Medel é Professora e OrientadoraPedagógica do CIEP 277 João Nicoláo Filho “Janjão” e daE.M.Prof. Ewandro do Valle Moreira, localizadas no município deCantagalo, RJ. Contatos pelo ravenamedel@yahoo.com.br

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Aprendendo História com Palavras Cruzadas

Por: João Luís Almeida Machado
Editor do Portal Planeta Educação; Doutorando pela PUC-SP no programa Educação:Currículo; Mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie(SP); Professor universitário e Pesquisador.
Fazer palavras cruzadas é um dos passatempos mais comuns quando estou de férias, curtindo alguns dias na praia. É divertimento dos mais práticos, pois podemos carregar facilmente as revistas e uma caneta (ou lápis) para tudo quanto é lado sem que isso onere ou dificulte demais nosso trânsito. Além disso, quando todos tiram um cochilo à tarde ou estão jogando baralho e não há uma vaga na partida para um de nós, lá estão as cruzadas disponíveis para matar um tempinho.
O melhor de tudo é que, comprovadamente os passatempos contidos em revistas de palavras cruzadas ajudam a aprimorar o vocabulário, estimulam a atenção e a concentração e, de quebra, divertem muito quem os faz.
Sempre acreditei que para efetivar a educação seria necessário atrelar o trabalho em sala de aula a atividades prazerosas, daquelas bem gostosas, que integram a turma, exigem esforço e tem como recompensa uma enorme satisfação relacionada ao objetivo atingido. Boas lembranças como aquelas das férias e do tempo divertido gasto com as palavras cruzadas despertaram então a possibilidade de “cruzar” os caminhos das salas de aula com os passatempos contidos nas revistas de palavras cruzadas.
Foi daí que surgiu a proposta de realizar atividades em aula em que os estudantes tivessem que produzir suas próprias palavras cruzadas, caça-palavras e criptogramas.
O projeto foi então desenvolvido com turmas de 1º, 2º e 3º anos do Ensino Médio. O melhor de tudo foi à receptividade dos alunos e a forma decidida como encararam o desafio. Uma vez definida a forma como atuaríamos e o que deveríamos fazer, as duplas formadas iniciaram um rigoroso trabalho de prospecção de material para a composição dos passatempos.
Atividades como caça-palavras e criptogramas estimulam a atenção, a concentração, o vocabulário e, além de tudo isso, divertem.
Essa era, inclusive, a demanda inicial:- selecionar idéias, palavras, personagens, acontecimentos e conceitos que pudessem virar parte da brincadeira. Acredito que a noção lúdica atrelada ao projeto levou os estudantes a partir com ímpeto para sua realização. Era o tal prazer que eu havia mencionado anteriormente que funcionava como motor de mais uma realização dos grupos.
Cada uma das turmas tinha pela frente temas diferentes da história a trabalhar. Os alunos do 1º ano estavam frente a frente com o Absolutismo e o Mercantilismo do mundo Moderno europeu dos séculos XV e XVI. A turma do 2º ano estava lidando com a Revolução Russa de 1917 que estabeleceu o socialismo naquele país. O grupo do 3º ano encarou o desafio de trabalhar com as revoltas do Período Regencial brasileiro (como a Balaiada, a Cabanagem, a Farroupilha e a Sabinada).
Tendo os temas definidos, cada dupla tinha que buscar as palavras que poderiam ser encaixadas em seu passatempo (a propósito, uma vez que tínhamos o tema e estabelecemos que o projeto seria realizado por duplas, fizemos um sorteio através do qual se definiu para cada grupo formado um dos formatos de passatempos propostos para essa atividade, ou sejam: palavras cruzadas, caça-palavras e criptogramas).
Foi necessário que explicássemos a proposta e os modelos de passatempos que seriam usados, especialmente os criptogramas, desconhecidos da maioria dos estudantes e que, uma vez visualizados através de exemplos tirados das próprias revistas de palavras cruzadas, foram facilmente entendidos.
Temas como o Absolutismo de Luís XIV, a Guerra dos Farrapos ou a Revolução Russa de outubro de 1917 foram transformadas pelos estudantes em intrincadas palavras cruzadas, caça-palavras ou criptogramas.
As palavras selecionadas eram então encaixadas em criptogramas, palavras cruzadas ou caça-palavras. Então passava a ser necessário que os grupos criassem textos, perguntas ou frases incompletas (com espaços a preencher) onde se encaixassem os termos selecionados para o passatempo para que as pessoas que os realizassem soubessem o que deveriam procurar nos caça-palavras ou como deveriam preencher as cruzadas e os criptogramas.
Durante todo esse percurso percorrido pelos estudantes foi necessário que os mesmos lessem e relessem o texto base da atividade (retirado dos próprios fascículos ou apostilas utilizados em aulas). Foi fundamental também que ocorresse uma criteriosa escolha de palavras para a composição das atividades já que as mesmas deveriam ser suficientemente significativas ou relevantes para que os outros alunos, quando realizassem o passatempo, pudessem lembrar-se ou saber a respeito das mesmas.
A composição visual dos passatempos também deu bastante trabalho para os estudantes. Perceberam com isso que a produção de um passatempo leva mais tempo que supunham a princípio e, de quebra, que deve ser realizada em etapas que pressupõem pesquisas, diagramação, elaboração de textos ou perguntas, averiguação dos quadradinhos e do posicionamento das palavras, composição visual da atividade e alguns outros detalhes a mais a serem acertados para que tudo fique o mais perfeito possível.Ao final da atividade, os estudantes trocaram as atividades e tinham que resolver aquelas que haviam sido criadas por seus colegas. Nesse intercâmbio fiz com que aqueles que haviam criado cruzadas fizessem criptogramas ou caça-palavras, que tivesse produzido criptogramas teria que realizar caça-palavras ou palavras-cruzadas e que os produtores de caça-palavras fizessem cruzadas ou criptogramas.
A utilização de jogos em sala de aula pode ajudar a direcionar a atenção dos estudantes para os temas estudados. Propor aos alunos que produzam seus próprios jogostorna a atividade prazerosa e efetiva à aprendizagem com maior facilidade.
Logo alguns descobriram pequenos erros de diagramação, colunas em que faltavam letras; a maioria teve alguma dificuldade para realizar já que a forma como haviam proposto as questões ou o modelo de passatempo produzido pelos colegas era diferente daquele que haviam feito; apesar disso, todos se divertiram e disseram ter aprendido muito com a atividade.
Nesse sentido, como forma de conferir se o aprendizado havia se efetivado fizemos o fechamento da atividade com uma revisão dos pontos principais de cada um dos assuntos tratados pelas diferentes turmas (1º, 2º e 3º anos do Ensino Médio). Para tanto o ponto de partida para as explicações eram as palavras selecionadas para os passatempos.
Por exemplo, no caso da turma do 2º Ano, termos como bolcheviques, mencheviques, Czarismo, socialismo ou personagens como Lênin, Trotsky e Stálin, destacados nas palavras cruzadas, criptogramas ou caça-palavras foram o mote para as explicações sobre a Revolução Russa. Tudo ficou muito mais fácil, pois os estudantes já sabiam quem eram os principais participantes da revolução, os objetivos dos revolucionários, as facções envolvidas na luta, os principais momentos da luta dos socialistas,...
E o melhor de tudo é que aprendemos, nos divertimos, trabalhamos com formatos alternativos, desenvolvemos nossa criatividade, pesquisamos...
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Abraços fraternos