quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Salve Cappio!!!

Professor Martins

Pela segunda vez o bispo da Diocese de Barra-Ba., Dom Luiz Flávio Cappio, faz greve de fome protestando contra o projeto de transposição do rio São Francisco. Dessa vez o religioso escolheu a capela de São Francisco, na vila de mesmo nome, na cidade de Sobradinho-Ba., onde o mesmo está desde o dia 27 de novembro recolhido em oração, sem se alimentar. Ao se pronunciar, o bispo de maneira bastante centrada e pacífica, chama o seu ato de jejum e diz não se tratar de uma atitude isolada e sim de um povo sofrido que implora pela não continuação do projeto que condena o rio à morte.
Dom Cappio diz que após encerrar a primeira greve de fome que fez em setembro de 2005 no canteiro de obras do Projeto, à margem do São Francisco, no município de Cabrobó-PE, por aceitar acordo proposto pelo representante do presidente Lula, o então ministro Jaques Wagner, o mesmo teve um encontro com o Presidente da República, em Brasília, que reafirmou o que propunha o ministro, que era uma grande abertura para discussão do projeto com a sociedade e que, durante todo esse não houve essa abertura e muito menos discussão, motivo pelo qual ele realiza essa greve de fome, com convicção de ir até as últimas conseqüências para alcançar seu objetivo.
A imprensa vem divulgando que o Ministro da Integração Nacional, Gedel Vieira Lima, afirmou que o governo não vai parar as obras do projeto em questão e nem vai negociar com Dom Luiz Cappio o fim da sua greve. A afirmação de maneira tão precoce vinda do ministro coloca claramente para todos a posição do Governo Federal.
A Presidência da República na primeira vez que o bispo fazia seu protesto enviou Jaques Wagner, hoje governador da Bahia, para intermediar uma solução para o caso que voltava os olhos do mundo para o Brasil, onde um bispo fazia greve de fome contra um projeto do governo. Já que agora o religioso escolheu uma cidade da Bahia para demonstrar sua indignação, seria no mínimo coerente que o governador Wagner se oferecesse ao presidente Lula para mais uma vez mediar a conversa com o bispo, mesmo sabendo da dura missão a enfrentar, já que o ministro Gedel se adiantou ao declarar que o Governo Federal está fechado a negociações com Frei Cappio; e também pelo fato do bispo da Diocese de Barra deixar claro nas declarações à imprensa que o governo não cumpriu o acordo anterior e que dessa vez não vai ter barganha, que agora é uma posição definida.
É lamentável que seja necessária atitude tão drástica para chamar a atenção para tal projeto que o governo teima em levar adiante em prejuízo ao rio São Francisco. Todos sabem da morte de vários afluentes desse rio; assim como é sabido por todos das condições atuais, por exemplo, do Lago de Sobradinho, palco dessa segunda greve de Dom Cappio, o qual se encontra com aproximadamente 15% da sua capacidade de armazenamento de água.
Além de ser eleitoreira, a obra de transposição das águas do São Francisco jogará “por água a baixo” uma enormidade de cifras de reais, já que não existe garantia alguma que o próximo Presidente da República dê continuidade ao projeto de transposição, como fez o presidente Lula em relação ao Grande Projeto Salitre, em Juazeiro. Outro exemplo lastimável é o porto fluvial, também em Juazeiro, que foi construído e nunca colocado em funcionamento. Esses são apenas dois exemplos dessa cidade. Quantos casos semelhantes existem no Brasil? Aeroportos, estradas, ferrovias, etc.
O presidente Lula tem que tomar cuidado para não entrar para a história com esse protesto de Dom Luiz Flávio Cappio, que já entrou para a história com seus testemunhos de amor ao rio São Francisco.

Juazeiro- Bahia 29/11/07

Nenhum comentário: